sexta-feira, 15 de abril de 2011

LAGOA DE CIMA

Lagoa de Cima - Um ecossistema ameaçado


A Lagoa de Cima com uma lâmina d’água de 20 k2 e uma média de profundidade de 4 metros, é formado pelas águas dos rios Urubu e Morto, cujas nascentes se localizam no alto da APA (Área de Preservação Ambiental - do Imbé). A Lagoa de Cima se destaca pela sua beleza natural e clima agradável. Não tendo sido por menos, chamada de “Lago dos Sonhos” por D. Pedro II quando em sua visita ao local.
Suas terras Marginais são ocupadas por propriedades particulares e possui pequenas praias propícias à prática de esportes náuticos. Seu subsolo é rico em diatomita, mineral utilizado na indústria química como filtrante.
O escoadouro das águas da Lagoa de Cima é o Rio Ururaí hoje um canal retificado pelo DNOS – Departamento Nacional de Obras de Saneamento. Até a década de 50, do século XX, a lagoa e o rio eram utilizados como escoadouros naturais de madeiras de lei retiradas das matas do Imbé e descarregadas, através do Canal Campos – Macaé, nas “Covas d’Areia” confluência, das hoje, Av. Pelinca e Av. Barão do Rio Branco.
Com a construção de um Iate Clube, em sua margem, houve um surto de construções de casas populares, atraídas pelas oportunidades de empregos nas propriedades marginais e no próprio Iate Clube.
Com todo o desenvolvimento, o local vem sofrendo profunda ação de degradação, por falta de uma política ambiental eficaz e atuante.
A Lagoa de Cima, por possuir características diferenciadas dos outros corpos hídricos da região, vem sendo colocada nos últimos anos como grande opção turística para os campistas e moradores de outros municípios próximos. Para quem prefere à água doce e tranqüila à água salgada do Oceano Atlântico, este corpo hídrico apresenta condições ótimas para o lazer. A sua proximidade com o centro urbano da cidade de Campos, que fica aproximadamente 30 minutos, é o grande fator que tem levado os órgãos municipais a investir em uma política de Eco-Turismo promovendo assim a procura por essa área ambiental.
Desde a construção do Iate Clube, a presença dos turistas tem aumentado gradativamente nesta região, mas somente nos últimos anos com a presença de eventos municipais realizados, principalmente, no verão, é que tem se confirmado o potencial turístico desta lagoa e regiões adjacentes.

A lagoa, em toda sua extensão, vem sofrendo ação antrópica, promovida pelo uso desordenado dos seus recursos. A política de desenvolvimento turístico, não está sendo acompanhada de uma infra-estrutura e conscientização ambiental capaz de manter esse ecossistema equilibrado.
Com três acessos, dois pela BR 101, no sentido Rio de Janeiro, e um sentido no sentido Campos - São Fidelis, é fácil perceber que a degradação começa pelos morros que se situam em volta da lagoa, o plantio de cana de açúcar, seguido de desmatamento que vem se agravando, já que existem várias nascentes nessa região. Um dos projetos em andamento para preservação é o projeto Olhos d’Água, que visa à limpeza das nascentes dessa região e posteriormente o reflorestamento da área em torno das nascentes e da lagoa utilizando mudas nativas. Com esse projeto surge uma expectativa de evita erosões e assoreamento, reconstituindo assim as áreas degradadas em volta da lagoa.
A Lagoa de Cima apresenta ainda dois grandes fatores degradantes, localizados principalmente em suas margens, que são detritos deixados que vão desde produtos alimentícios a resíduos de material de construção, deixados pelos turistas e moradores, e as ocupações irregulares entorno das suas margens, já que o local e área estadual de preservação ambiental e deveria ter uma faixa limite para construções de casas e outros tipos de edificações.
Essas degradações se dão principalmente pela falta de fiscalização dos órgãos ambientais junto aos moradores e proprietários de terras localizados a margem da lagoa. Existe em boa parte da lagoa construções que não respeitam a distância mínima exigida pelas leis ambientais. Os esgotos dessas propriedades são despejados em in-natura na lagoa e os detritos deixados pelos turistas não têm uma coleta específica feita pela Prefeitura. A margem da lagoa possui 17 mil metros; no momento, a limpeza é feita de forma precária, o que aumenta os danos causado pela ação do homem.
Um dos benefícios para manutenção desse ecossistema é que já existe o diagnóstico elaborado pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), que destaca aspectos do meio ambiente característico como solo, vegetação e demarcação da lagoa. Esse diagnóstico será apresentado às entidades ambientais responsáveis pela manutenção da lagoa e poderá ser definido um plano de manejo da lagoa.
Podemos concluir que é preciso avaliar toda a área de proteção ambiental da lagoa de Cima e posteriormente, executar o plano de manejo do local, mas para isso precisamos avaliar a área dentro do aspecto de exigência de uma unidade de conservação, fazendo assim uma intervenção eficaz tanto nas áreas turística, econômica como social, desenvolvendo conjuntamente com as escolas e instituições locais um estudo que mostre a importância desse corpo hídrico, não somente financeiramente, mas como para própria manutenção de condições de vida no local.
A Lagoa de Cima, assim como toda a natureza, é um patrimônio da sociedade, e precisa ser conservada para as gerações futuras.
 

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